Foi logo na infância, o meu primeiro contato com a obra de Dias Gomes. A novela era tão importante na época e tão presente na vida dos brasileiros, que eu, uma criança, jurava que vivia em Asa Branca e que o nosso herói era Roque Santeiro.
Depois, em 1998, quando comecei a fazer teatro em Santo André/SP, assisti à peça Santo Inquérito. Ela é de 1966 e até hoje continua sendo montada, por levantar discussões de temas tão atuais. Como o revisionismo, que busca relativizar os horrores da ditadura brasileira. Mesmo sendo uma peça que retrata um tribunal de inquisição português do século 16. Esse é um dos artifícios do autor, para se livrar da censura e criar tramas de cunho político. Mas usando o lúdico e o humor, como armas contra a ignorância dos opressores.
O que eu viria a conhecer depois por realismo fantástico. Com origem alemã, utilizado na América Latina como genuíno movimento literário, mas também para denunciar as atrocidades cometidas pelo capitalismo. Como a exploração do homem pelo homem e a injustiça social. Saramandaia falava bem desse universo, onde cada personagem era uma alegoria. João Gibão tinha asas, que representavam a liberdade. A dona Redonda explodiu-se de tanto comer, simbolizando o egoísmo e a avareza.
No nosso remake de 2013, tivemos o privilégio de poder contar com o uso de efeitos especiais e muita tecnologia, o que facilitou bastante o trabalho. E lógico, também não precisávamos driblar a censura, sempre pensava: “quero ver fazer isso na época da ditadura”! Inclusive, na época das gravações, tive a oportunidade de ficar hospedado no mesmo hotel que Juca De Oliveira. Tentei por dois dias, entre o café da manhã e o jantar, criar coragem, quando o encontrava pra falar com ele, mas minha timidez não me deixou dizer nada. Até que no terceiro dia, ele mesmo chegou até mim e disse: “sei que quer falar comigo”. Aproveitando logo a deixa, perguntei: “como foi fazer realismo fantástico no Brasil da ditadura militar, através de um personagem que tem asas?”. Ele me respondeu: “não importa se é realismo fantástico ou mágico, a época que vivemos, nem se o personagem tem asa ou rabo. Tem que fazer de verdade e entregar o que está sentindo, o ator só precisa fazer de verdade.”
Sergio Guizé é ator. Fez parte do elenco de telenovelas como O outro lado do paraíso (2017-2018) e Êta mundo bom! (2016). Na segunda versão de Saramandaia (2013), fez o papel de João Gibão.
No Itaú Cultural
Abertura: 19 de outubro, às 20h
Visitação do público: 20 de outubro de 2022 a 15 de janeiro de 2023
Terça-feira a sábado, das 11h às 20h
Domingos e feriados das 11h às 19h
Pesquisa, concepção, curadoria e realização: Itaú Cultural Núcleos de Artes Cênicas, Música e Literatura e de Audiovisual
Parceria de conteúdo: Globo
Programação paralela
FILME: A partir de 19 de outubro: O Pagador de Promessas, em www.itauculturalplay.com.br
LEITURAS DRAMÁTICAS:
Sala Itaú Cultural
18 de novembro (sexta-feira), às 20h: Meu reino por um cavalo, pelo Teatro do Osso.
19 de novembro (sábado), às 20h: A comédia dos moralistas, pelo Núcleo Experimental de Teatro.
20 de novembro (domingo), às 19h: O Pagador de Promessas, pelo grupo Os Inventivos.
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149 – próximo à estação de metrô Brigadeiro / Pisos 1º, 1ºS e 2ºS
Entrada: gratuita
Informações: pelo telefone (11) 2168-1777
Atualmente, esse número funciona de segunda-feira a domingo, das 10h às 18h.
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